terça-feira, 30 de outubro de 2007

Uma nova visão sobre o aquecimento global




Em que planeta vivemos? Se for no planeta Al Gore, estamos em apuros. Um brasileiro que nasça hoje chegará à idade adulta em um mundo hostil e diferente, no qual restarão raros ursos-polares fora do zoológico e se poderá navegar pelas ruas do Recife, submersas pela elevação do nível do mar. Seus netos viverão num ambiente pestilento, com surtos de malária, dengue e febre amarela decorrentes do clima mais quente.

Na Amazônia, com temperaturas 8 graus mais altas que as atuais, a floresta se transformaria em cerrado e estaria sujeita a incêndios de dimensões bíblicas. O que se chama aqui de planeta Al Gore é aquele que o político americano descreveu em seu documentário Uma Verdade Inconveniente, cuja dramaticidade lhe rendeu dois dos prêmios mais cobiçados que existem. O primeiro foi o Oscar, entregue em fevereiro. O segundo é o Nobel da Paz de 2007, que ele receberá no dia 10 de dezembro em Oslo, ao lado do indiano Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC). Mas será que a Terra só tem como futuro se transformar no planeta Al Gore? Talvez não.

Um grupo de cientistas, reduzido em número mas respeitável e influente, discorda da idéia central de Al Gore e do painel da ONU, que, de resto, se tornou a maior religião urbana de alcance planetário de que se tem notícia. Esses dissidentes do clima são chamados genericamente de "céticos". Uma demonstração de que os terráqueos ainda não chegaram ao consenso definitivo de que a Terra vai acabar nos moldes propostos por Al Gore é a enorme repercussão do recém-lançado Cool It, cujo subtítulo é O Guia do Ambientalista Cético para o Aquecimento Global. O autor do best-seller, o estatístico dinamarquês Bjorn Lomborg, foi eleito pela revista Time uma das 100 pessoas mais influentes do mundo (veja a entrevista com Lomborg).

As divergências entre ambientalistas ortodoxos e céticos podem ser sumariadas em quatro questões:

A primeira diz respeito à responsabilidade humana no aquecimento global. O IPCC afirma que a causa principal é a emissão de dióxido de carbono (CO2) e outros gases resultantes da queima de combustíveis fósseis, que, lançados na atmosfera, aumentam o efeito estufa. Os céticos consideram que só parte do aquecimento global pode ser atribuída à ação humana. A quantidade de CO2 enviada à atmosfera pelas florestas em decomposição e pelos oceanos também contribui. A Terra passou por outros períodos de aquecimento antes da Era Industrial, e não se conhecem com certeza os agentes que os provocaram.

A segunda versa sobre se é possível amenizar o aquecimento e como isso deveria ser feito. O IPCC diz que o primeiro passo é reduzir as emissões de CO2 para a atmosfera. A seguir, é preciso aumentar a eficiência no uso de energia para queimar menos combustíveis fósseis. Os céticos argumentam que não há como frear o processo de aquecimento global nas próximas décadas. A melhor solução é investir em pesquisas para baratear energias alternativas e, no futuro, tornar a humanidade menos dependente de petróleo.

A terceira é: dentro de quanto tempo os efeitos do aquecimento começarão a ser sentidos? O IPCC diz que os primeiros sinais já estão presentes no aumento de enchentes, secas prolongadas e maior freqüência de grandes furacões. Os céticos estimam que os primeiros efeitos só serão perceptíveis dentro de 50 a 100 anos.

A quarta: qual é a severidade desses efeitos? O IPCC acha que as catástrofes naturais serão freqüentes e devastadoras. Para os céticos, os desastres serão poucos. Não será difícil para o homem se adaptar a essas alterações do clima.

ESTAMOS ASSUSTADOS DEMAIS

O dinamarquês Bjorn Lomborg, da Copenhagen Business School, é o mais prestigiado dos cientistas céticos com relação ao aquecimento global. Eleito pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, ele acaba de lançar o livro Cool It: The Skeptical Environmentalist's Guide to Global Warming, ainda sem tradução no Brasil. Lomborg falou numa entrevista:

DIARIAMENTE SURGEM NOTÍCIAS PREVENDO MUDANÇAS CLIMÁTICAS DRÁSTICAS. ESTAMOS DIANTE DE UMA CATÁSTROFE IMINENTE?É claro que o aquecimento global existe e representa um problema, mas estamos assustados demais com ele. O aquecimento global é uma questão de longo prazo, com conseqüências perceptíveis dentro de 100 anos. De fato, ele pode aumentar o risco de desastres naturais, mas em proporção muito menor do que se diz.

O QUE PODE SER FEITO HOJE PARA EVITAR OS DANOS DO AQUECIMENTO GLOBAL NO FUTURO?
Nas atuais circunstâncias, muito pouco pode ser feito. Hoje, 13% da energia usada no mundo é renovável. Estima-se que, em 2030, essa cifra não passe de 14%. Se queremos reduzir as emissões de carbono, temos de investir em pesquisa para tornar as energias alternativas mais baratas e viáveis economicamente. Trocar as lâmpadas da casa por modelos econômicos é uma atitude louvável, mas as mudanças precisam ser estruturais. Reduzir drasticamente as emissões de carbono nos próximos dez ou vinte anos, como propõem alguns governos, é atropelar a realidade.

O SENHOR DIZ QUE HA QUESTÕES AMBIENTAIS MAIS IMPORTANTES DO QUE O AQUECIMENTO GLOBAL. QUAIS SÃO ELAS?
Num planeta onde 15 milhões de pessoas morrem todo ano por causa de doenças infecciosas que poderiam ser evitadas, e no qual só se fala em efeito estufa, me parece que estamos invertendo nossas prioridades. Mais importante que o aquecimento é o combate à aids, à fome e à malária. Há coisas incríveis que podemos fazer agora, com melhores resultados e a um custo bem inferior ao do combate ao aquecimento global.

QUE OUTRAS COISAS DEVERIAM SER FEITAS EM VEZ DE COMBATER COM URGÊNCIA O AQUECIMENTO?
Quando um furacão atinge o Haiti, ele é muito mais letal do que quando atinge a Flórida. Isso porque os haitianos são mais pobres e têm menos condições de tomar medidas preventivas contra os danos dessas catástrofes. Se conseguíssemos romper com o círculo da pobreza e investíssemos em mais infra-estrutura em regiões carentes, deixaríamos as populações menos vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. Fornecer água potável, saneamento, cuidados médicos e educação a todas as populações pobres do mundo, segundo a ONU, custaria 75 bilhões de dólares. É metade do custo anual que os países teriam se conseguissem cumprir 100% de suas metas de cortes na emissão de carbono.

Um comentário:

Murilo disse...

é com muita tristeza que vi o blog sem nenhum comentario
muitas pessoas(a maioria) nao estao se importando com o ambiente em que vivem, muitas reclamam das outras mas nao vêem o que tambem estao fazendo é com muita certeza de que voce irá aceitar que eu te envio esse convite para a nossa comunidade no orkut:http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=27434199